"> ONU vira arena para confronto inédito entre Lula e Trump sobre soberania, tarifas e direitos globais

 

Internacional - 23/09/2025 - 13:20:39

 

ONU vira arena para confronto inédito entre Lula e Trump sobre soberania, tarifas e direitos globais

 

Da Redação .

Foto(s): Reprodução Redes Sociais

 

Presidentes do Brasil e dos Estados Unidos travam embate público na ONU, expondo divergências sobre sanções, Judiciário, clima e comércio, com impacto direto no futuro das relações bilaterais.

Presidentes do Brasil e dos Estados Unidos travam embate público na ONU, expondo divergências sobre sanções, Judiciário, clima e comércio, com impacto direto no futuro das relações bilaterais.

Lula abriu o debate condenando as sanções de Washington, denunciando intervenções unilaterais em nome da “extrema-direita internacional” e defendendo o multilateralismo como resposta às “chantagens” impostas à economia e à democracia brasileiras. O presidente brasileiro rejeitou, ainda que sem citar diretamente Trump, a tentativa de “agressão à independência do Judiciário” e criticou a ONU por sua insuficiência em conter conflitos como o de Gaza e promover agendas ambientais de fato transformadoras.

Trump, na sequência, utilizou tom assertivo ao afirmar que o Brasil “vai fracassar sem os Estados Unidos”, defendendo tarifas punitivas como garantia de soberania americana diante do que caracterizou como “censura e perseguição judicial” em solo brasileiro. O republicano minimizou mudanças climáticas e acusou a plataforma da ONU de ser “ineficaz” e leniente com migrantes e Estados reconhecidos por grupos armados, em referência velada ao Estado Palestino. Apesar da hostilidade, Trump encerrou com menção amigável a Lula, sinalizando potencial encontro futuro, ainda que o gesto não amenize a crise instalada.

Tabela comparativa dos discursos

Tema Posição de Lula Posição de Trump
Sanções/Unilateralismo Condenou sanções impostas por Washington, criticando intervenções unilaterais e defendendo soberania. Defendeu sanções como resposta à suposta interferência do Brasil na liberdade dos cidadãos americanos.
Soberania / Judiciário Rejeitou agressão contra independência do Judiciário, acusando extrema-direita de colaborar com ingerências externas. Acusou o Brasil de perseguição judicial e censura, legitimando sanções como defesa da democracia.
Mudanças climáticas Alertou para riscos do negacionismo, destacou compromisso ambiental do Brasil e prometeu engajamento na COP30. Minimizou impacto climático e defendeu políticas para economia e energia nos EUA, com críticas à Europa.
Tarifas comerciais Rejeitou medidas tarifárias unilaterais, denunciando seu impacto na economia brasileira. Justificou tarifas elevadas para proteger soberania dos EUA, acusando o Brasil de práticas desleais.
Gaza e conflitos globais Defendeu solução multilateral, condenou ataques do Hamas, mas criticou “genocídio” em Gaza e cobrou dois Estados. Enfatizou apoio a Israel, rejeitou o Estado Palestino e defendeu cessar-fogo imediato apenas com segurança.
Crítica à ONU Defendeu fortalecimento do multilateralismo, criticou ineficiência da ONU em resolver crises e conflitos. Disparou críticas à ONU por sua suposta ineficácia e falta de papel decisivo nas crises e mediações globais.

Análise final e relações internacionais

O desencontro verbal entre Lula e Trump representa mais que diferenças ideológicas: é a externalização de uma disputa por protagonismo e liberdade de ação no contexto internacional. O Brasil procura se reafirmar como voz do Sul Global, rejeitando pressões e tarifas vistas como punitivas, enquanto os Estados Unidos, sob Trump, optam por mecanismos coercitivos para defender interesses domésticos e exercer influência extraterritorial, inclusive sobre questões judiciais e políticas internas brasileiras.

A tensão evidencia tendências de recrudescimento nas relações, com risco de prolongamento das barreiras comerciais, congelamento de canais diplomáticos tradicionais e maior dependência do Brasil em fóruns multilaterais para buscar apoio e contrabalançar o peso americano. Persistem, ainda, oportunidades pontuais de diálogo — mas agora em cenário de desconfiança mútua e recados enviesados para as respectivas bases. O futuro da relação bilateral deve ser definido por estratégias de resistência do Brasil e o grau de assertividade adotado pelos EUA nas próximas decisões, seja sobre comércio, clima ou democracia.

(*) Com informações das fontes: G1, BBC, UOL, CNN Brasil, Agência Brasil, Gazeta do Povo, Veja entre outras mídias.

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