Em discurso durante uma conferência sobre estabilidade financeira em Basileia, o presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, destacou que os bancos centrais devem aprimorar sua capacidade de resposta diante de eventos imprevisíveis e de grande magnitude. Ele apontou que as sucessivas crises da última década, da pandemia à guerra na Ucrânia e às mudanças climáticas, demonstraram limites nos instrumentos convencionais de política monetária.
Segundo Williams, o desafio atual não é apenas calibrar juros ou conter a inflação, mas também manter canais de crédito e confiança funcional em contextos de alta volatilidade. Ele afirmou que o inesperado se tornou regra e que os instrumentos de política econômica devem ser adaptáveis às novas dinâmicas globais.
O dirigente do Fed reforçou a importância de uma coordenação mais estreita entre as autoridades monetárias e fiscais em diferentes países. Ele disse que a interdependência dos mercados financeiros exige mecanismos de comunicação e resposta conjunta, especialmente em situações de estresse que afetam a liquidez internacional.
“Mudanças imprevisíveis e incertezas certamente continuarão conosco no futuro próximo”, disse Williams, destacando questões como “os efeitos das contínuas mudanças demográficas globais, inteligência artificial e inovações potencialmente transformadoras em nossos sistemas financeiros”.
Williams mencionou ainda que a digitalização financeira, o avanço das moedas digitais e as alterações nas cadeias produtivas internacionais obrigam as instituições centrais a revisarem modelos de análise e políticas de supervisão. Apesar das incertezas, ele ressaltou que a credibilidade e a transparência continuam sendo os maiores ativos dos bancos centrais.
A fala do presidente do Fed de Nova York reflete um consenso crescente entre formuladores de políticas monetárias: a necessidade de resiliência institucional para lidar com riscos que escapam aos parâmetros históricos e econômicos tradicionais, exigindo agilidade e cooperação entre países.
(*) Com informações das fontes: Federal Reserve Bank of New York, Bank for International Settlements.