O presidente Donald Trump, em 21 de setembro de 2025, assinou uma ordem executiva que classifica o movimento conhecido como Antifa como uma organização terrorista doméstica. A justificativa oficial aponta que Antifa representa uma iniciativa anarquista e militarista com o objetivo explícito de derrubar o governo dos EUA, autoridades policiais e o sistema jurídico vigente, utilizando violência e atos ilegais para alcançar seus objetivos. Entre as ações mencionadas estão confrontos armados com policiais, tumultos organizados, ataques violentos contra agentes de imigração e ameaça a figuras políticas por meio do que é conhecido como doxing. A ordem executiva determina que todas as agências executivas apliquem suas autoridades para investigar, desarticular e desmantelar operações ilegais ligadas ao Antifa, incluindo investigações e processos contra financiadores dessas atividades. Esta iniciativa ocorre em um contexto de preocupações governamentais relacionadas à violência política interna após eventos recentes, como o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, ainda sem ligações comprovadas com o movimento Antifa.
Antifa é um movimento antifascista descentralizado, sem organização formal nem lista de membros, que se opõe a grupos de extrema-direita, neonazistas e supremacistas brancos. Esta ausência de estrutura formaliza traz desafios para medidas punitivas e ações legais, visto que não há lideranças oficiais ou mecanismos de financiamento identificados claramente. A designação de Antifa como organização terrorista doméstica não se baseia em um precedente legal formal nos Estados Unidos, onde tal classificação para grupos internos não está prevista como ocorre com as organizações estrangeiras rotuladas como terroristas. Especialistas jurídicos apontam que a ausência dessa estrutura legal implica que os efeitos práticos da designação podem ser limitados, e que a ordem executiva pode servir mais como uma ferramenta política para investigar dissidentes ou opositores.
No Congresso dos Estados Unidos, já houve propostas para designar o Antifa como grupo terrorista doméstico, incluindo uma resolução apresentada em janeiro de 2025. Estas propostas destacam ações violentas atribuídas a membros da organização em várias cidades, como ataques a instalações policiais, incêndios criminosos e destruição de propriedade. Autoridades estaduais e federais também destacam episódios em que manifestantes ligados ao Antifa estariam envolvidos em atos que justificariam a aplicação da legislação antiterrorismo doméstica.
Por outro lado, críticos da medida argumentam que o termo “Antifa” descreve um conjunto difuso de grupos ou uma ideologia de oposição a extrema-direita e não uma entidade organizada com liderança e coesão claras. Estes críticos afirmam que a designação pode ser usada para suprimir a dissidência política e justifica ações repressivas contra movimentos sociais e protestos. A falta de evidências conclusivas ligando o Antifa a ações sistemáticas e coordenadas de terrorismo levanta questões sobre o impacto da designação na liberdade de expressão e na segurança civil.
Em suma, a classificação do Antifa como organização terrorista pelo governo dos EUA representa uma medida sem precedentes na política americana e traz à tona debates complexos sobre definição legal, pertinência política e consequências sociais. O impacto dessa medida em investigações e repressão a atividades políticas contestatórias no país ainda está por ser plenamente avaliado.
(*) Com informações das fontes: White House (2025), BBC (2025), PBS NewsHour (2025), U.S. Congress (2025), Politico (2025), Cato Institute (2025).