Bernardo: "Jogadores carregaram peso nas costas"

 

Esporte - 30/08/2004 - 10:32:25

 

Bernardo: "Jogadores carregaram peso nas costas"

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Arquivo

 

Aliviado com a tão esperada medalha de ouro para o vôlei masculino, o técnico Bernardinho falou sobre tudo o que o grupo passou durante todo o período de preparação e na competição. "Teve muita pressão. Os jogadores carregaram muito peso nas costas", conta. "Eles mereciam muito. Não foi sorte ganhar, mas merecimento", destaca. Ele disse que ainda no Brasil, as pessoas na rua pediam para que trouxesse o ouro e durante todo esse tempo recebeu vários e-mails com a mesma solicitação. Bernardinho conta que o grupo adotou um pacto velado. "Ninguém falava em ouro. No máximo, eles falavam em medalha, mas nunca ouro. E isso não foi nada combinado. Quando eu percebi isso, entrei nesse esquema. A única coisa que havia era um quadro branco no vestiário onde o Anderson escreveu "O ouro é nosso"", lembra. O treinador contou ainda tudo o que pensou nos momentos que antecederam a partida. "Eu caminhei pela manhã na Vila Olímpica, pensando no nosso favoritismo e em chegar à medalha. Aí, me lembrei da trajetória do Torben (Grael) e do (Robert) Scheidt, que nesse caso eles tinham que ser regulares para saírem vitoriosos e nós, se perdêssemos um jogo, estaríamos fora", comparou. Ainda nesta caminhada, Bernardinho pensou no costume do brasileiro de exaltar a conquista de um ouro. "É um povo que em uma prova de hipismo torceu como se fosse um gol do futebol", disse, referindo-se ao desempenho de Rodrigo Pessoa que chegou a ficar na liderança. Além disso, a imagem do mito, sempre construída no Brasil, também o preocupou. "Eu pensava, serão que vão me ver como um mito se nós ganharmos. Eu não gosto desta idéia. Cheguei a pensar que se perdêssemos isso não aconteceria", desabafou. Bernardinho foi vítima de insônia durante a Olimpíada, pensando sempre nos desafios do Brasil. Antes do jogo contra os Estados Unidos, na semifinal, o treinador já não dormia há 3 dias e não pregou os olhos até o jogo da final. "Mas não sofri com ela. Aprendi a conviver com a insônia. A dedicação e a dor são os uniformes do atleta. Nós treinávamos no aeroporto, no estacionamento do hotel. Quanto mais se trabalha, mas a vitória é merecida", disse, concluindo que seus ídolos são os jogadores da seleção. Comemoração Bernardo disse que nem se deu conta que o jogo havia terminado e que o Brasil era ouro. "Eu estava tão envolvido na partida, que achei que ainda faltava mais um ponto. Só senti que éramos campeões, quando vi os jogadores no pódio", diz. Para o técnico a presença da família perto foi muito importante. "Ter a Fernanda do meu lado, me abraçando foi muito importante, porque geralmente a família está longe nas conquistas". Fernanda Venturini, levantadora da seleção feminina, é casada com Bernardinho e os dois têm uma filha de dois anos, Júlia. "A Fernanda até brincou, dizendo que agora eu era o melhor marido do mundo e que podia fazer o que eu quisesse", disse. Bernardinho foi questionado, durante a entrevista coletiva após a vitória, sobre a perda do bronze no feminino. "O grande vencedor é aquele que é capaz de ser reerguer. Elas tinham que ter ganhado o bronze". Para o treinador, que foi duas vezes medalha de bronze comandando a equipe feminina, ele sentiu mais a derrota para Cuba, do que para Rússia, "porque as jogadoras não conseguiram se recuperar". Humildade e futuro O técnico não poupou elogio aos jogadores medalhistas de ouro. "É um exemplo de trabalho e dedicação. Cada um teve uma função, como o Giovane. Ele foi fundamental na construção do grupo, um exemplo de humildade". Para Bernardinho, os atletas inspiram as pessoas, não só porque são bons, mas porque têm atitude e postura em quadra. "É uma experiência para a vida deles, para os bons e maus momentos". Sobre seu futuro no vôlei, Bernadinho disse que não sabe se continuará no comando da seleção. "Tenho que pensar, conversar com minha mulher, é muito cedo para se falar nisso. Por enquanto sou técnico, mas tenho que pensar na minha vida e no meu projeto no vôlei". Bernardinho diz que não descartaria retornar à seleção feminina. "Não importam as pessoas, mas o projeto que me motiva". Mas o técnico seguiu falando no masculino e disse que é preciso pensar na renovação. "Tem jogadores que estão parando. Temos que trazer os mais jovens para moldá-los dentro do espírito do grupo e isso, obrigatoriamente, leva quatro anos".

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