O presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, é dono de uma conta no banco Northern International, nos EUA, por meio da qual movimentou US$ 593.855 entre 1999 e 2002. Segundo reportagem da revista “IstoÉ”, nem a conta nem os recursos foram declarados à Receita Federal. Casseb nega e diz ter informado tudo.
Mas, alvo de seguidas denúncias, ele já começa a demonstrar seu desconforto. A interlocutores, tem cogitado até a hipótese de entregar o cargo. Segundo a Folha apurou, ele diz não ter estômago para o que tem passado e acha que, por situações como essa, cada vez menos “gente séria” quer trabalhar em governos. “Não fui picado pela mosca azul. Se ficarem me irritando, saio”, teria dito.
QUEIXAS
Com a carreira construída na iniciativa privada, Casseb tem se queixado da exposição, segundo ele, produto de “denuncismo”. E, mais uma vez, ele terá a vida devassada, com a publicação das operações que constam da contabilidade do banco norte-americano MTB, investigado pelo Ministério Público de Nova York por suspeita de prática de lavagem de dinheiro. O MTB, hoje CBC, concentrava contas de doleiros latino-americanos e também foi o caminho das transações de Casseb.
Há três meses, banco de dados com 700 mil operações do MTB foi encaminhado ao Ministério da Justiça, ao Ministério Público Federal e à CPI do Banestado, que investiga a evasão de divisas. Há registro de nove transações relacionadas a Casseb.
Todas intermediadas por contas de offshores (empresa com ações ao portador e sem identificação pública de seus donos) e doleiros no CBC. A mesma base de dados revela que o caminho percorrido pelo dinheiro atribuído a Casseb é semelhante ao percurso registrado no CBC em nome do ex-diretor de Política Monetária do Banco Central Luiz Augusto Candiota.
.Em cinco operações, Casseb recebe dinheiro por meio de contas de empresas offshores. Além da Kundo, a Orange, também com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, intermediou US$ 348.855.
Entre 2001 e 2002, o dinheiro de Casseb faz o caminho inverso. De sua conta no Northern, saem US$ 85 mil, em quatro operações diferentes, todas destinadas à conta registrada no CBC em nome da Biscay Trading Ltd. Segundo dados da CPI, a empresa é de três doleiros que atuam em São Paulo. No ano passado, ao se tornar pública a informação de que Casseb e Candiota haviam feito remessas ao exterior, eles alegaram ter declarado o fato à Receita Federal. Na sexta-feira, Casseb informou ter enviado as declarações ao presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) e ao relator José Mentor (PT-SP).
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