Após oscilar e chegar perto de R$ 5,60 no início do dia, o dólar ganhou força frente ao real, encerrando a quarta-feira com uma ligeira alta. A sessão foi marcada por discussões em Brasília sobre um pacote fiscal para substituir o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e por uma nova pesquisa de popularidade desfavorável ao governo Lula.
A valorização do dólar frente ao real contrariou a tendência global, onde a moeda norte-americana recuava diante da maioria das outras divisas.
O dólar à vista fechou com alta de 0,14%, cotado a R$ 5,6450. No acumulado do ano, a moeda dos EUA apresenta uma desvalorização de 8,64%.
Cotações do Dólar no Fechamento
- Dólar Comercial:
- Compra: R$ 5,645
- Venda: R$ 5,645
- Dólar Turismo:
- Venda: R$ 5,672
- Compra: R$ 5,852
Os movimentos do real nesta sessão foram influenciados por um maior apetite por risco no cenário internacional. Isso ocorreu em meio à expectativa de que um possível contato telefônico entre o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, pudesse diminuir as tensões comerciais.
A Casa Branca havia indicado na terça-feira que os líderes das duas maiores economias globais deveriam conversar ainda esta semana, dias depois de ambos os países trocarem acusações sobre um suposto descumprimento de um acordo para reduzir tarifas e restrições comerciais.
Os mercados também demonstraram otimismo com o progresso das negociações dos EUA com outros parceiros. Trump havia estabelecido esta quarta-feira como prazo final para os países apresentarem suas "melhores ofertas" a fim de evitar a implementação de tarifas mais elevadas em julho.
Contudo, o plano de Trump de duplicar as taxas sobre aço e alumínio importados para 50% já havia sido concretizado, após o presidente assinar um decreto sobre o assunto na véspera, o que ainda impunha cautela aos mercados.
"A economia norte-americana permanece sob pressão com as declarações e decisões de Trump, e, consequentemente, os mercados emergentes acabam se beneficiando", comentou Lucélia Freitas, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Com o foco na política comercial dos EUA, os participantes do mercado analisam dados para tentar prever o impacto das tarifas de Trump. Um relatório da ADP divulgado nesta quarta-feira mostrou que empregadores do setor privado dos EUA abriram 37.000 vagas em maio, número bem abaixo da projeção de 110.000 postos de trabalho de uma pesquisa Reuters, indicando uma desaceleração no mercado de trabalho do país. Ainda no mesmo dia, o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) divulgaria sua pesquisa de maio sobre o setor de serviços.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis moedas — registrava queda de 0,12%, a 99,041.
No cenário doméstico, o mercado também demonstrou otimismo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiar os esforços do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da liderança do Congresso para encontrar alternativas ao decreto que elevou o IOF. Haddad havia afirmado na terça-feira que as medidas seriam anunciadas somente após um encontro com líderes partidários, previsto para domingo.
Pela manhã, o Banco Central realizou dois leilões simultâneos de linha (venda de dólares com compromisso de recompra), com uma oferta total de até US$1 bilhão.
* Com informações da Reuters, Infomoney, entre outros