Nesta sexta-feira, o Ibovespa registrou uma leve valorização, fechando em alta de 0,40%, alcançando 137.824,29 pontos. Essa movimentação ocorre em meio à repercussão do recente anúncio de medidas de contenção de gastos e aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo governo, seguido por uma revisão parcial dessas ações. Paralelamente, o mercado também reagiu às declarações do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre possíveis novas tarifas.
Inicialmente, o índice chegou a apresentar uma queda superior a 1% durante o dia, mas conseguiu recuperar parte do terreno. Contudo, o Ibovespa encerrou a semana com uma desvalorização acumulada de 0,98%. Em contraste, o dólar à vista teve um recuo de 0,24%, fechando a R$ 5,6473 na venda, e acumulou uma queda de 0,38% na semana.
Na quinta-feira, o governo havia divulgado planos para elevar o IOF sobre empresas, transações de câmbio e previdência privada. A expectativa era de arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025 e R$ 41 bilhões em 2026, medidas que, combinadas com um corte de R$ 31,3 bilhões em despesas ministeriais, visavam assegurar o cumprimento da meta fiscal de déficit zero para o ano.
No entanto, no mesmo dia, o governo decidiu reverter parte das medidas anunciadas, o que deve diminuir a arrecadação esperada em cerca de R$ 6 bilhões até 2026, conforme um novo decreto publicado na manhã de hoje. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que a revisão pontual teve como objetivo evitar "especulações" que pudessem sugerir desestímulo a investimentos, algo que não era o propósito do governo. Ele enfatizou que a medida não tinha relação com o controle excessivo da saída de dólares do país.
Analistas, como um ouvido pela Reuters, apontam que a comunicação das medidas, e não necessariamente seu conteúdo após a revisão, foi o que gerou a reação negativa do mercado, pressionando a moeda brasileira. Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, lamentou que, apesar de o governo ter enfrentado uma questão fiscal difícil, uma falha na estratégia de comunicação transformou algo potencialmente positivo em negativo. Ele destacou que o aumento inicial do IOF foi interpretado como "desespero" e uma tentativa de controle cambial, tornando a "correção de rota absolutamente bem-vinda".
No cenário global, as tensões comerciais voltaram ao foco com as declarações de Donald Trump. O ex-presidente dos EUA mencionou a possibilidade de aplicar uma tarifa de 25% sobre iPhones da Apple não fabricados no país e sugeriu uma taxa de 50% sobre a União Europeia a partir de 1º de junho. A política comercial dos EUA continua sendo um fator decisivo para os investidores, que temem que as tarifas de Trump possam levar a uma recessão global. Além disso, as preocupações fiscais com a maior economia do mundo persistem, após a Câmara dos Deputados dos EUA aprovar uma legislação tributária que pode aumentar a dívida do país em trilhões de dólares.
Como resultado, o índice do dólar, que mede a força da moeda americana contra seis outras moedas importantes, registrou uma queda de 0,60%, para 99,311.
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