O jornal Estado de S. Paulo traz neste domingo, a acusação do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, de que o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) teria recebido R$ 1 milhão do esquema de fraudes na estatal.
Segundo informa o site da Folha, o depoimento do ex-diretor faz parte de sua delação premiada pela qual tenta pena reduzida. Paulo Roberto disse que o dinheiro entregue a Costa faz parte da cota de 1% do PP e que foi o empresário Mário Barbosa Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco (Assimpra) quem teria solicitado.
Porém, o ex-diretor da estatal não soube dizer como ocorreu o repasse de dinheiro.
Humberto Costa nega qualquer envolvimento com o esquema e classificou a acusação de “totalmente fantasiosa”, afirmando que não possui qualquer relação com integrantes do PP. “Como o PP mandou passar uma cota? Não tenho relação com ninguém do PP. A matéria [do Estadão] não diz se é uma doação oficial, quem levou, de onde saiu”, defendeu à Folha.
O senador afirmou, contudo, que recebeu na campanha de 2010, doações de R$ 150 mil feitas pelo empresário Mário Barbosa Beltrão, que é seu amigo de infância.
Para o Estadão, o empresário Beltrão chamou as acusações de Paulo Roberto de “leviandades” e negou ter pedido dinheiro.
Veja abaixo a íntegra da nota de Humberto Costa:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Em relação à publicação do jornal O Estado de São Paulo deste domingo que relata supostas acusações do sr. Paulo Roberto Costa dirigidas a mim em delação premiada, afirmo que:
- Todas as doações de campanha que recebi na minha candidatura ao Senado em 2010 foram feitas de forma legal, transparente, devidamente declaradas e registradas em minha prestação de contas à justiça eleitoral e inteiramente aprovadas, estando disponíveis a quem queira acessá-las;
- Assim, nego veementemente ter pedido a quem quer que seja que solicitasse qualquer doação de campanha ao sr. Paulo Roberto;
- Tal denúncia padece de consistência quando afirma que a suposta doação à campanha teria sido determinada pelo Partido Progressista (PP) por não haver qualquer razão que justificasse o apoio financeiro de outro partido à minha campanha;
- Mais inverossímil ainda é a versão de que se o sr. Paulo Roberto não tivesse autorizado tal doação, correria o risco de ser demitido, como se eu, à época sem mandato e tão somente candidato a uma vaga ao Senado, tivesse poder de causar a demissão de um diretor da Petrobras;
- Causa espécie o fato de que ao afirmar a existência de tal doação, o sr. Paulo Roberto não apresente qualquer prova, não sabendo dizer a origem do dinheiro, quem fez a doação, de que maneira e quem teria recebido;
- Conheci o sr. Paulo Roberto em 2004 e minha relação com ele se deu no campo institucional, no processo de implantação da refinaria de petróleo em Pernambuco, do qual participei assim como vários políticos, empresários e representantes de outros segmentos da sociedade pernambucana o fizeram;
- Conheço e sou amigo de infância do sr. Mário Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco (ASSINPRA), que também foi partícipe da mesma luta pela refinaria. Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010;
- Tenho uma vida pública pautada pela honradez e seriedade, não respondendo a qualquer ação criminal, civil ou administrativa por atos realizados ao longo de minha vida pública;
- Sou defensor da apuração de todas as denúncias que envolvam a Petrobras ou qualquer outro órgão do Governo. Porém, entendo que isso deve ser feito com o cuidado de não macular a honra e a dignidade de pessoas idôneas. O fato de o sr. Paulo Roberto estar incluído em um processo de delação premiada não dá a todas as suas denúncias o condão de expressar a realidade dos fatos;
- Aguardo com absoluta tranquilidade o pronunciamento da Procuradoria-Geral da República sobre o teor de tais afirmações, ocasião em que serão inteiramente desqualificadas. Quando então, tomarei as medidas cabíveis;
- Informo ainda que me coloco inteiramente à disposição de todos os órgãos de investigação afetos a esse caso para quaisquer esclarecimentos e, antecipadamente, disponibilizo a abertura dos meus sigilos bancário, fiscal e telefônico.
Recife, 22 de novembro de 2014,
Humberto Costa
Senador da República
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