O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (Abir), Herculano Anghinetti, afirmou nesta terça-feira que o setor pode reduzir a previsão de investimentos em 2012 caso o preço das bebidas aumente. Anghinetti se reuniu nesta terça com representantes do Ministério da Fazenda e da Receita Federal para discutir o possível aumento dos preços. Como forma de compensar perdas na arrecadação de impostos com novas medidas de desoneração da indústria, o governo anunciou que vai aumentar a taxação sobre bebidas frias e cigarros.
Segundo Anghinetti, o setor conseguiu em 2010 que não houvesse aumento de tributação e, em troca, fez investimentos de R$ 5,4 bilhões - R$ 800 milhões a mais do que o acordo feito com o governo. O combinado não funcionou para 2011.
"Em 2011 levamos pro governo uma proposta com investimentos de quase R$ 7 bilhões, mas o governo entendeu que aquele mecanismo não se aplicava para esse exercício. A indústria de bebidas comprimiu suas margens de ganho, mas sobre o comerciante não tem controle, por isso houve um aumento no preço ao consumidor", disse.
A previsão de investimentos para este ano é de R$ 7,9 bilhões, de acordo com o diretor da Abir. Ele disse, ainda, que se houver aumento na taxação das bebidas, os preços ao consumidor podem aumentar, em média, 3%. "O peso das bebidas frias é 5% superior ao do cigarro. Podemos ter um impacto de quase 0,5 ponto percentual na inflação", afirmou.
Pesquisa de preços
Segundo a Receita Federal, desde 2008 uma auditoria contratada pelo governo realiza pesquisas para constatar o preço de mercado das chamadas bebidas frias - água, refrigerante e cerveja. A elevação dos preços constatadas no levantamento é comparada com a pesquisa anterior e, então, o aumento é repassado como taxa às bebidas, que passam a ficar mais caras. De acordo com a Receita, isso não acontece quando não há aumento no preço de mercado das bebidas.