"> Isenção do Imposto de Renda perde valor real com alta do dólar e instabilidade econômica

 

Economia - 02/10/2025 - 06:15:37

 

Isenção do Imposto de Renda perde valor real com alta do dólar e instabilidade econômica

 

Da Redação .

Foto(s): Arte @HORA

 

Faixa de R$ 5.000 mensais sofre corrosão real em dólar, refletindo crises nacionais e globais e decisões presidenciais nas últimas três décadas.

Faixa de R$ 5.000 mensais sofre corrosão real em dólar, refletindo crises nacionais e globais e decisões presidenciais nas últimas três décadas.

A isenção do Imposto de Renda no Brasil para rendimentos mensais até R$ 5.000 tem sido pauta frequente nas discussões econômicas e sociais. Porém, quando convertida para dólar, essa faixa revela queda significativa em seu poder de compra nos últimos 30 anos. Considerando os valores oficiais de fechamento do dólar comercial divulgados pelo Banco Central do Brasil no último dia útil de dezembro de cada ano e em 1º de outubro em 2025, o impacto das variações cambiais torna-se evidente.

Desde os primeiros anos do Plano Real, a estabilidade inicial deu lugar a um mercado de câmbio flutuante a partir de 1999, que passou a refletir fortes oscilações diante de crises internacionais, instabilidades políticas internas, movimentos econômicos globais e, mais recentemente, efeitos da pandemia e de ajustes nas políticas monetárias internacionais. Esses fatores moldaram o valor do dólar comercial, influenciando o equivalente em moeda estrangeira da isenção fiscal.

O quadro abaixo resume a cotação anual do dólar comercial de compra e venda, a conversão do teto mensal de isenção em dólar, a variação percentual anual e os presidentes que governaram o país em cada ano da série histórica:

Ano Presidente Dólar Compra (*R$) Dólar Venda (*R$) R$ 5.000 em dólar (US$) Variação anual (%)
2025 Luiz Inácio Lula da Silva 5,5845 5,5890 895,51 -6,96
2024 Luiz Inácio Lula da Silva 4,9138 4,9144 1.017,71 27,42
2023 Luiz Inácio Lula da Silva 5,2001 5,2007 961,53 -7,97
2022 Jair Bolsonaro 5,3568 5,3574 933,43 -5,39
2021 Jair Bolsonaro 5,5799 5,5805 896,11 7,53
2020 Jair Bolsonaro 5,1961 5,1967 962,07 29,50
2019 Jair Bolsonaro 4,0226 4,0231 1.243,19 3,36
2018 Michel Temer 3,8748 3,8753 1.289,83 16,92
2017 Michel Temer 3,3080 3,3084 1.511,59 1,85
2016 Michel Temer 3,2591 3,2595 1.533,22 -17,72
2015 Dilma Rousseff 3,9048 3,9054 1.279,98 49,06
2014 Dilma Rousseff 2,6567 2,6571 1.882,10 12,77
2013 Dilma Rousseff 2,3416 2,3420 2.136,17 15,20
2012 Dilma Rousseff 2,0435 2,0439 2.445,11 9,68
2011 Dilma Rousseff 1,8759 1,8763 2.665,35 12,05
2010 Luiz Inácio Lula da Silva 1,7042 1,7047 2.933,30 -4,60
2009 Luiz Inácio Lula da Silva 1,7412 1,7417 2.870,79 -25,32
2008 Luiz Inácio Lula da Silva 2,3374 2,3378 2.140,06 31,64
2007 Luiz Inácio Lula da Silva 1,7731 1,7736 2.820,04 -16,90
2006 Luiz Inácio Lula da Silva 2,1396 2,1401 2.336,71 -8,19
2005 Luiz Inácio Lula da Silva 2,3331 2,3335 2.142,44 -12,45
2004 Luiz Inácio Lula da Silva 2,6540 2,6544 1.884,37 -7,99
2003 Luiz Inácio Lula da Silva 2,8898 2,8902 1.729,96 -18,41
2002 Fernando Henrique Cardoso 3,7004 3,7010 1.351,22 52,81
2001 Fernando Henrique Cardoso 2,3207 2,3211 2.153,08 18,46
2000 Fernando Henrique Cardoso 1,9538 1,9542 2.557,34 9,55
1999 Fernando Henrique Cardoso 1,8087 1,8091 2.762,37 48,33
1998 Fernando Henrique Cardoso 1,2038 1,2042 4.151,20 8,11
1997 Fernando Henrique Cardoso 1,0659 1,0663 4.689,01 7,77
1996 Fernando Henrique Cardoso 1,0437 1,0441 4.793,00 6,19
1995 Fernando Henrique Cardoso 0,8470 0,8474 5.900,37 15,48

NOTA: valores referentes a 1995 a 2024 cotação de 31 de dezembro de cada ano e em 2025 cotação de 1 de outubro.

Destaque: Períodos de variação negativa no dólar e seus presidentes

Os anos em que o dólar apresentou variação negativa, ou seja, valores de queda na cotação, foram:

  • 2025 (-6,96%), presidente Luiz Inácio Lula da Silva

  • 2023 (-7,97%), presidente Luiz Inácio Lula da Silva

  • 2022 (-5,39%), presidente Jair Bolsonaro (PANDEMIA DO CORONAVIRUS)

  • 2016 (-17,72%), presidente Michel Temer

  • 2010 (-4,60%), presidente Luiz Inácio Lula da Silva

  • 2009 (-25,32%), presidente Luiz Inácio Lula da Silva

  • 2007 (-16,90%), presidente Luiz Inácio Lula da Silva

  • 2006 (-8,19%), presidente Luiz Inácio Lula da Silva

  • 2005 (-12,45%), presidente Luiz Inácio Lula da Silva

  • 2004 (-7,99%), presidente Luiz Inácio Lula da Silva

  • 2003 (-18,41%), presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Esses períodos de queda no dólar refletem momentos de maior valorização do real em relação ao dólar, geralmente associados a conjunturas internas favoráveis, controle da inflação, crescimento econômico ou entradas de capital estrangeiro.

O histórico demonstra que as variações cambiais refletem a complexa interação entre políticas econômicas, estabilidade política, choques internacionais e eventos específicos, tornando imperativo o acompanhamento contínuo na definição da faixa de isenção do Imposto de Renda para garantir justiça fiscal e poder aquisitivo real.

Analisando o comportamento cambial, é possível correlacionar os momentos de maior valorização ou desvalorização do dólar brasileiro com os principais eventos econômicos e políticos, como a adoção do câmbio flutuante em 1999, a crise financeira mundial em 2008, as turbulências políticas em meados da última década, e os impactos da pandemia da Covid-19 em 2020. No cenário mais recente, a alta do dólar em 2025 é explicada pelo ajuste das políticas monetárias globais e a incerteza decorrente de fatores políticos e econômicos internacionais.

O fenômeno evidencia que o teto de isenção do Imposto de Renda, ao não acompanhar adequadamente a inflação e o câmbio, tem perdido valor real em dólar, reduzindo o estímulo à formalização e à justiça fiscal. Portanto, o debate sobre o reajuste contínuo das faixas de isenção é fundamental para preservar o poder de compra dos contribuintes isentos.

(*) Com informações das fontes: Banco Central do Brasil, Receita Federal, IPEA, Wikipedia, Agência Brasil, Exame, CNN Brasil, G1.

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